Olá,

Hoje, quero convidá-la a refletir sobre o conceito de integralidade. Segundo Frederic Laloux, integralidade é a capacidade de manifestarmos nossa essência no ambiente de trabalho, sem a necessidade de segmentar quem somos como indivíduos de nossa postura profissional.

Esse pensamento me levou a uma jornada de questionamentos e descobertas, e é essa trajetória que gostaria de compartilhar contigo.

Primeira iteração: duas partes conectadas

Inicialmente, imaginei que somos dois conjuntos: um que representa nosso estereótipo profissional e outro que reflete nossa essência pessoal. A intersecção entre esses conjuntos seria o cerne dos valores que nos mantém conectadas, um espaço onde o que somos e o que fazemos se encontram.

Segunda iteração: um conjunto único

Avançando na reflexão, passei a me ver como um conjunto único, um “átomo” onde não há divisão entre pessoal e profissional. Somos indivíduos autocontidos, carregando nossos princípios, medos, anseios e crenças independentemente do ambiente. Nesse modelo, não há como separar quem somos no trabalho de quem somos na vida.

Terceira iteração: células em interação

Por fim, cheguei a uma visão mais dinâmica: somos células complexas, únicas, que dependem de feedback e interações para evoluir. Nos moldamos para sobreviver, aprender e florescer, absorvendo os aprendizados de cada ambiente que habitamos.

Mesmo ao nos adaptar às restrições e políticas dos contextos que enfrentamos, continuamos sendo uma unidade viva, pulsante, que carrega seus princípios enquanto busca alinhar o interno com o externo.

Integralidade no mundo corporativo

Nos ambientes corporativos, frequentemente somos pressionadas a deixar de ser quem realmente somos. Somos levadas a adotar máscaras profissionais, criando uma separação entre nossos sentimentos, valores e crenças, tudo para atender às expectativas do ambiente. Em outras palavras, geramos um desperdício de energia para performar o que esperam de nós. Isso se manifesta de várias formas:

• Escondemos nossas vulnerabilidades, temendo que elas sejam vistas como sinais de fraqueza.
• Filtramos nossa essência, adaptando-nos a normas que muitas vezes não representam quem somos de verdade.
• Reprimimos opiniões genuínas, receosas das possíveis repercussões ou julgamentos no trabalho.

Essa fragmentação pode nos afastar de uma vida integral e autêntica, dificultando a conexão entre o que somos e o que fazemos.

Reflexões para levar adiante

Diante disso, deixo aqui algumas provocações:

• Quando jogamos para as empresas nossas insatisfações, estamos nos eximindo de nossas responsabilidades?
• Ao não cobrar um posicionamento claro das organizações sobre problemas sociais, estamos sendo omissas com a sociedade?
• Ao aceitar diferenças sociais, raciais e de gênero dentro das organizações, não perpetuamos o sistema que queremos mudar?

A busca por propósito e integralidade passa por nos conectarmos a organizações que nos ajudem a ser nossa melhor versão. Ter clareza do que queremos e criar uma conexão íntima com o ambiente no qual estamos pode ser o caminho para viver de forma integral e plena.

E você, tem sido integral? Compartilhe sua opinião comigo, e nos vemos na próxima semana!

Referências para se aprofundar

🎙️ Episódios de podcast:

Os episódios abaixo fazem parte do podcast Pontes e Elefantes, uma iniciativa da qual tive a alegria de participar com outras amigas e amigos. Nele, discutíamos sobre a vida dentro e fora do ambiente de trabalho, sempre buscando conexões mais profundas:

• ​Trazendo a humanidade de volta – Pontes e Elefantes
• ​Pensamos muito e sentimos pouco – Pontes e Elefantes

📚 Livro:

O livro do Frederic Laloux foi uma inspiração para pensar como podemos criar ambientes organizacionais mais humanos e inovadores. Para quem busca referências sobre como modelar culturas dinâmicas, autônomas e orientadas por um propósito evolutivo, recomendo fortemente:

• ​Reinventando as Organizações – Frederic Laloux

📝 Blog post:

Acredito que visões de mundo amplas são aquelas que incluem contrastes. O texto escrito pelo pessoal da Target Teal traz uma análise crítica ao livro de Laloux, oferecendo um contraponto valioso:

• ​Reinventando as Organizações: Uma visão crítica – Target Teal