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Raphael Donaire Albino

Talking Partners: uma prática para gerar conexão entre as pessoas


Em ambientes onde o trabalho distribuído e o crescimento acelerado fazem parte da realidade dos negócios, um desafio acaba emergindo: como criar relações profundas entre as pessoas?

Se você já participou de processos de fusão entre empresas, tem trabalhado com uma equipe que acaba de ser formada ou tem lidado com a chegada constante de novas pessoas na equipe, é possível que esteja enfrentando dificuldades em fazer com que todas se sintam parte de um mesmo todo.

Além disso, escalar estruturas pode reduzir a capacidade da organização de transferir conhecimento e de permitir que as pessoas compartilhem histórias, elementos fundamentais para o cultivo e a disseminação da tão falada cultura organizacional.

Foi a partir desses desafios que venho testando uma prática chamada Talking Partners, apresentada no livro An Everyone Culture: Becoming a Deliberately Developmental Organization. Se você acredita que as organizações devem ser plataformas de aprendizagem e desenvolvimento, essa leitura é um convite obrigatório.

Mas afinal, o que é a prática Talking Partners (TP)?

O TP é um método que propõe a criação de um fluxo de co-mentoria entre membros da equipe. As pessoas são organizadas em duplas que interagem diariamente e de forma intimista.

O objetivo é aumentar o senso de pertencimento e apoiar o desenvolvimento pessoal e profissional. Em outras palavras, trata-se de uma abordagem que estimula relações em que se aprende e se ensina, criando vínculos que vão além do papel formal de cada uma.

Como funciona na prática?

Cada encontro gira em torno de três pilares: se conhecer, desabafar e se desenvolver.

1. Se conhecer

Incorporar disciplina à rotina para desenvolver uma conexão genuína. Os encontros devem acontecer no mesmo horário, todos os dias, e durar no máximo 30 minutos. A cadência frequente cria um espaço seguro para que as pessoas compartilhem emoções, ideias e vontades de forma autêntica.

2. Desabafar

É o momento de “tirar as toxinas” da rotina. Pode-se falar de qualquer aspecto pessoal ou profissional. O princípio aqui é que, para sermos integrais no trabalho, precisamos de um ambiente que acolha frustração, medo, ansiedade, alegria, tudo aquilo que nos constitui.

3. Se desenvolver

A prática se torna um espaço para falar sobre técnicas, estratégias, aprendizados e dilemas. É o momento de pedir conselhos, compartilhar boas práticas e construir conhecimento a partir da troca com quem está na jornada ao seu lado.

De tempos em tempos (a cada 3 meses, por exemplo), recomenda-se trocar as duplas, ampliando ainda mais os vínculos e o repertório coletivo.

Relatos de quem viveu a prática no dia a dia

Durante o segundo semestre de 2021, acompanhei de perto a adoção do TP por um equipe que dobrou de tamanho após uma fusão. Aqui vão relatos reais de quem experimentou a prática:

"As interações diárias me dão ideias práticas para melhorar meu trabalho. Com as perguntas que minha parceira faz, tenho insights que não teria sozinho".
"Falamos da vida, dos nossos contextos, do dia a dia e dos desafios. Isso me inspira. Parear abre a mente para pensar de formas que nem sempre consideramos".
"Começamos por nossas histórias de vida e já conversamos sobre carreira, estrutura da empresa e estratégia. Uma das conversas gerou até um novo alinhamento com outras áreas".
"Cada dia meu par compartilha um material novo, e isso me dá um monte de ideias legais".
"É interessante entender como as coisas funcionavam nas empresas antes da fusão. Isso amplia nossa visão".
"Usamos o tempo para encontrar pontos em comum na vida, criar conexões, apoio e escuta. Pedi ajuda para melhorar minha argumentação e minha parceira me indicou uma palestra incrível".
"A troca é leve e enriquecedora. Às vezes, uma conversa muda o dia".

Conclusão

Organizações desenhadas para apoiar o desenvolvimento contínuo das pessoas são, por essência, grandes estruturas de aprendizado. O Talking Partners é uma ferramenta que ajuda a eliminar a necessidade de papéis performáticos, estimulando ambientes em que cada pessoa possa ser quem realmente é e aprender com isso.

Você já conhecia essa prática? Quais outras estratégias você tem usado para desenvolver ambientes de aprendizagem contínua?

Responda a este e-mail, vou adorar saber da sua experiência.


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Nos vemos na próxima semana o/

Raphael Donaire Albino

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